segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Algumas questões

Achei legal por algumas questões discursivas para alguns contos de "Primeiras Estórias", de Guimarães Rosa. Vale ressaltar que Guimarães é o homem da oralidade.


FAMIGERADO
1. Por que Damázio, o jagunço vai procurar o médico? Como o médico responde e porquê?

2. Vosmecê agora me faça a boa obra de querer me ensinar o que é mesmo que é: fasmisgerado... faz- megerado... falmisgeraldo... familhas-gerado...? Analisando o trecho do conto "Famigerado", o que é possível observar através dessa fala do jagunço?

3. Mas, o gesto, que se seguiu, imperava-se de toda a rudez primitiva, de sua presença dilatada. Detinha minha resposta, não queria que eu a desse de imediato. E já aí outro susto vertiginoso suspendia-me: alguém podia ter feito intriga, invencionice de atribuir-me a palavra de ofensa àquele homem; que muito, pois, que aqui ele se famanasse, vindo para exigir-me, rosto a rosto, o fatal, a vexatória satisfação?
Vosmecê declare. Estes aí são de nada não. São da Serra. Só vieram comigo, pra testemunho...”
Só tinha de desentalar-me. O homem queria estrito o caroço: o verivérbio.
As palavras destacadas no trecho do conto são um neologismo. No contexto do conto, qual é o sentido preciso dessas palavras?

OS IRMÃOS DAGOBÉ
4. No conto “Os Irmãos Dagobé” há uma relação entre honra e vingança? Considerando so valores descritos no conto, o que aconteceria a Liojorge?

SORÔCO
5. Como o canto de loucura citado no conto “Sorôco” é visto e qual é o seu papel?

A TERCEIRA MARGEM DO RIO
6. No conto “A Terceira Margem do Rio” Guimarães Rosa destaca a inventividade estética, uma marca recorrente no Modernismo literário no Brasil. Como se pode constatar essa inventividade roseana?

OS CISMOS
7. No conto "Os Cimos" como o menino é representado?


Aproveitando o conto "A terceira margem do rio", deixo uma canção de Caetano Veloso, em homenagem a Guimarães. Aproveitem!

sábado, 6 de novembro de 2010

Nossa educação

E não é que alguns quadros do programa Zorra Total, que são pseudoeducativos, até tem algo bom?

No quadro "Mineiro Teobaldo", há uma crítica sutil e construtiva sobre os meandros que perpassam a nossa sociedade.
Vejam e tirem suas próprias conclusões:

I Juca Pirama

Mais uma videoaula muito boa do professor Jorge. Confiram!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Mais uma análise do conto "O sorriso da estrela"

Aos poucos vamos tendo todos os contos da coletânea "O conto em 25 baianos" analisados no blog.
Agora, vamos ver a análise do conto:

O SORRISO DA ESTRELA

Espaços: casa das personagens; caminho para o cemitério.

Foco narrativo e tempo: A narrativa é em primeira pessoa, é um desabafo da personagem diante dos fatos.

Linguagem: linguagem concisa e coloquial.

Personagens

Estela: menina de 13 anos, com problemas mentais.

Pedro: irmão de Estela, menino de 10 anos, que se recusava a aceitá-la como irmã.

Madrinha e Mãe.

Enredo

Os contos de Aleilton Fonseca perpassaram temas referentes a memórias que permitem aprendizagem de vida e de morte e induz o leitor a repensar sua condição de vida. Há sempre uma volta ao passado, lembranças reminiscências, memórias, o homem e seu passado, o passado influenciando e transformando a trajetória da vida.

A inquietação e o pensamento de que o passado poderia ser diferente, e diante da impossibilidade de mudar o passado pensa-se no que se pode fazer agora a aprendizagem da vida através da morte há uma mudança de paradigma a partir do evento morte que pode ser visto no final do conto “O Sorriso da Estrela” quando o narrador confessa no final: “Agora eu sinto que sou Dindinho”, o apelido que ele rejeitava quando sua irmã era viva.

No conto “O Sorriso da Estrela”, vemos as memórias à vida e a morte mostra-se uma obra terapêutica, pois, nos coloca num estado de purificação expurgo de alma ao nos identificarmos com a situação e percebe-se o esforço de apagamento da imagem do feminino “eu a considerava um estrago na minha vida”, “Quis muito que morresse” (é o que Aristóteles aborda sobre mímesis e catarse: enquanto a primeira é a imitação daquilo que se parece com o real; a segunda é a purificação que ocorre no leitor ao sentir as “dores” das personagens).

A fala do personagem perpassa a questão de gênero quando se tenta silenciar a mulher, a voz feminina é abafada, entretanto, no conto a personagem feminina é centralizada apesar de não “falar” sua memória é apresentada, sua influência é patenteada e nos diálogos relembrados passa a ser a perda de toque e o narrador no decorrer do texto permite perceber a forte presença feminina da mãe, da madrinha, e de Estela sua irmã.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Análise do conto "A MOÇA DOS PÃEZINHOS DE QUEIJO", de Adonias Filho


A coletânea "O conto em 25 baianos", de Cyro de Mattos, ainda é um dos mais significativos, pois é a reunião de 25 contos, de escritores baianos. Por ser uma obra editada recentemente, não há como encontrar resumos sobre a obra.


Espaços: Largo da Palma, Igreja e Ladeira da Palma (visão animista). Os encontros entre Gustavo e Célia são no Largo da Palma e no Jardim de Nazaré. A casa dos pãezinhos de queijo e a de Gustavo.
Foco narrativo e Tempo
A narrativa é em terceira pessoa, com um narrador onisciente. Conhece presente e passado dos personagens, os fatos e os sentimentos internos dos personagens diante dos fatos. Percebemos como os aspectos psicológicos são tão intensos que torna extremamente subjetiva a percepção do mundo exterior. Embora a narração dos fatos enfatize sempre os aspectos psicológicos, interiores, o decurso temporal é cronológico, com pequenos flashes de volta ao passado (por exemplo: a morte do pai de Célia, a doença da mãe de Gustavo). A narrativa é bastante lírica, embora aqui e ali se percebam aspectos críticos como quando fala de Largo “sempre mal-iluminado que parece em penumbra” ou quando fala da postura capitalista do pai de Gustavo em sua “decepção de ter um filho, quando não inválido, praticamente inútil.”

Linguagem
Linguagem concisa, períodos curtos, incisivos. A linguagem narrativa é intensamente lírica. O narrador explora os aspectos poéticos da linguagem. Presença constante de metáforas, símbolos, comparações. Uso do Discurso Livre Indireto: Falará com a mãe, à noite seguinte, pouco antes de sair para encontrar-se com o rapaz. E se a mãe perguntar quem é ele e o que faz, como responderá? Dir-lhe-á que não sabe sequer o nome porque não houve tempo para maior aproximação. Confessará, porém, o detalhe: “Ele é mudo”. Inútil discutir, procurar explicar, tentar justificar-se frente ao espanto da mãe. Sabe que ela não compreenderá, ninguém entenderá, o sobrado inteiro a dizer que tem um parafuso a menos. Uma doida, apenas uma doida se deixará seduzir e fascinar por um mudo.

Personagens
Há nos dois personagens protagonistas (Célia e Gustavo) uma intercomplementaridade (carência, desejo, complementação no outro).
Joana - viúva de Roberto Militão.
Roberto Militão - pai de Célia.
Célia - protagonista, moça de dezoito anos, cabelos de carvão que chegam aos ombros, olhos também negros que combinam com a pele amorenada. Há quem afirme ser mais bonita que o canto do pássaro.
Gustavo - protagonista, ele adora, com a música, os ruídos das ondas do mar, do vento nos coqueiros e os cantos dos pássaros. Falar, porém, não fala. Expressa-se com as mãos e o rosto. Responde escrevendo ou gesticulando, porque é mudo. A avó, mãe do pai, é a sua verdadeira mãe. Sua mãe desaparecera e a avó corta, enérgica, qualquer pergunta a esse respeito dizendo: é uma doente da cabeça.

Enredo
É no Largo da Palma, tão velho quanto Salvador, na esquina da ladeira que desce no caminho da Baixa dos Sapateiros, é precisamente aí que fica “A Casa dos Pãezinhos de Queijo”. Ali vive um bocado de povo, cobertas coloridas enfeitam as janelas, e a gritaria dos rádios sufoca os pregões dos vendedores de frutas da Bahia. Joana faz os pãezinhos no andar de cima e Célia, sua filha, os vende na loja, embaixo, com a freguesia aumentando dia a dia. Todos comentam a delicadeza de quem os vende. Gustavo escuta a voz de Célia pela primeira vez quando vai comprar pãezinhos de queijo para a avó.
Nada permanece a não ser a voz que acabara de ouvir. Doce e macia, ao lado do riso alegre, a voz da moça é música melhor de ouvir-se, nas manhãs de domingo, que o próprio órgão da igreja. No dia seguinte volta à "Casa dos Pãezinhos de Queijo". O que deseja, no íntimo, é retroceder. As pancadas do coração, porém, ordenam que prossiga. Mas prosseguir para quê? É um homem sem voz que, ao tentar falar, consegue apenas guinchar como um bicho. Apoiando-se no balcão, escreve: "não sou surdo e, porque ouvi, sei que você se chama Célia." Célia, sentindo mais que percebendo, sabe que ele fora para declarar-se como um namorado.
Permanece, pois, fascinada pelo rapaz que não fala e que de rosto faz lembrar um dos anjos da igreja. Sabe que não esquecerá jamais, com os cabelos negros e os olhos cor de avelã, o rosto do rapaz que reflete enorme amor de homem.
Como entender o que acontece? Homem ele já é com o peito largo e forte que é quase um lutador. Alto e belo como uma árvore. E por que – Senhora Santa da Palma – e por que é mudo? Nasceu assim? Houve um acidente? Doença? Uma doida, apenas uma doida se deixaria seduzir e fascinar por um mudo! O pai de Gustavo não ocultava a decepção de ter um filho, quando não inválido, praticamente inútil. Os médicos não admitiam a cura. Que moça, afinal, o aceitaria como namorado? Ou seria uma criatura extraordinária e incomum ou apenas uma vigarista que, sabendo-o rico, a ele se chegava por causa do dinheiro. Ele tem medo. Medo de que ela escape qualquer dia por ele ser mudo e – ela escapando – sentir-se novamente desesperado e só.

O milagre
- Não quero que você escreva mais! Quero que você fale!
Gustavo ouve e sente que o amor e o beijo de Célia podem gerar o milagre. (...) As bocas se afastam, as mãos mais se apertam, as lágrimas nos olhos que parecem sangrar. Tudo, agora, é nele angústia e dor. (...) é como num parto, a voz está nascendo. (...) E ele a rir e a chorar ao mesmo tempo, exclama, em tom ainda fraco, mas exclama:

- Amor!